28 de novembro de 2010

Mistérios e Segredos do Amor



O silêncio contemplava a espera paciente, o desconforto da idéia do não ver, a falta de toque do artifício eletrônico descrevia a ansiedade da espera, as tentativas frustravam as expectativas. Esperar sussurrava cautelosamente à consciência de que o astro rei logo se punha e com ele também a possibilidade do conhecer, era difícil descrever a euforia que levava a razão à contradição, frutos do imaginar cegavam a consciência para a verdade da excitação. “Bagatelle N°25 em lá menor” ou “Fur Elise” clássico composto por Ludwig Van Beethoven,  destinado a quem o mesmo fizera “a proposta” e fora negada, tocará provando que as expectativas findariam, abrindo portas para um oi, talvez olá. A culpa do tempo, não mais era desculpa para o “por que” da razão, ficou acordado assim, teríamos como testemunhas não mais que o céu, as estrelas e o mar. Iria ao seu encontro, pronto de que o novo se faria oculto. Tamanha minha decepção, ao encará-lo. Fui traído. Traído por meus próprios olhos, denunciado, entregue as suplicas da minha emoção, visivelmente ruborizado, mas por quê? Que razão havia, pra me sentir totalmente desnudo de mascaras na sua presença? Porque não conseguia organizar meus pensamentos a fim de expressa-los como de costume sem medo, sem criticas, sem duvidas, de não aceitações.
Porque me sentia aturdido como se houve recebido todo o impacto de um golpe desferido sem a menor previa de aviso? Porque tinha dentro de mim uma bomba relógio que a cada segundo, parecia pronta a declarar guerra ao silencio que se fazia presente dentro do meu ser.
Como e porque um estranho causara tanto choque e desespero a minha segurança revelando por detrás de todas as mascaras que havia cogitado carregar, não mais que um coração puramente vazio, e inóspito de barreiras contra aquilo que você tinha a oferecer.
A noite conspirara contra mim, fazendo do meu coração o palco para o espetáculo que no qual você estrearia para uma platéia inusitada, e seria aplaudido de pé.
Logo de cara, como se houve ensaiado você cantou a canção dos sábios, O SILENCIO acompanhado da leveza do olhar investigativo maquiado apenas POR UM SORRISO AFETUOSO.
Com a graça de uma criança FORA CURIOSO, porém cuidadosamente consciente com as perguntas que foram sendo feitas com SIMPLICIDADE e CARISMA, a cada palavra demonstrava O INTERESSE cultivado apenas nas personalidades mais belas que tem sede de conhecimento. Como um ladino, com eximia maestria você roubara de mim o direito de defesa contra a invasão da sua personalidade, e foi tomando conta decididamente enxergando o que havia dentro do meu coração. Você falou de promessas, de medos, de expectativas declarando a perfeita harmonia entre a sua razão e a minha emoção, comprando por um preço mais que justo a minha admiração sem interesse algum.
Como golpe fatal, falou de um amor tão puro que não conhecia a força que tem, convidou-me silenciosamente a sentar junto contigo à mesa da paixão e juntos provar o vinho do sentimento alheio, apostando em sonhos e desejos revelando uma ressonância de querer, privilégio a que viríamos partilhar. Afim do querer bem, seu espetáculo digno de reconhecimento fora aplaudido de pé minha RAZÃO em consenso com minha EMOÇÃO escolheram você. Não porque, eu havia conhecido um príncipe, mais sim o AMOR EM PESSOA.

Ricardo Oliveira


19 de novembro de 2010

A deriva

  Não posso ser ingrata com o mar e dizer que nunca me encontrei com o destino desejado, mas certamente posso acusá-lo de não me ajudar. O teimoso sabe que estou aprendendo a velejar, que meus barcos – coloco no plural porque já perdi vários – são simples e movidos a remos, remos que eu preciso conduzir no braço. Todo o processo cansa, e é justamente quando eu acredito demais na calmaria e decido descansar, que o danado resolve se revoltar. Além do mais, me sinto desrespeitada quando isso acontece. Não se arruma barco com facilidade hoje em dia, é preciso ter muita coragem e força de vontade, somadas com um jogo de cintura valoroso.
  Além da “forte personalidade” do mar, tenho que aprender a lidar com saqueadores dos piratas. Como eu, também são viajantes do mar, mas preferem viajar a custa dos sacrifícios alheios. São espertos – esperteza não é qualidade – e dificilmente desfilam de bandeira preta por aí. Normalmente, não se percebe que são piratas até que tudo tenha desaparecido, com eles junto. Pra contar, fica só o prejuízo.
  A questão em si não é o fato de ter me perdido no meio da imensidão do mar. A questão é que não é a primeira, nem a segunda vez que isso me acontece. Encontrei-me assim novamente, como em todas às vezes. O que sobra de um corpo, com um resto de alma, juntando os frangalhos do que um dia já fora um pequeno barco. Meus remos? Sempre perco. Fico tempos a deriva, até ser jogada – ou encontrada – num pedaço de chão seco.
  Lá sabe Deus quantas vezes já velejei. Perdi as contas. Não porque sou desleixada ou não me dedico as minhas viagens, e sim porque sou mais nômade que “maruja”, por assim dizer. A emoção da minha vida até o agora foi navegar de um porto a outro, absorvendo e dividindo riquezas de sabedoria impagáveis.

  As viagens mais longas são assim. O mar sempre me engole. E quando vomita, faz o processo normal do vômito: devolve-me a superfície em restos desgastados, em qualquer lugar, sendo levada a lugar nenhum.
  Ouço criticas. Como ouço! Cada vez que mostro minhas cicatrizes – de tola que sou, ainda mostro – escuto que qualquer um já teria se aportado e encostado os remos em busca de estabilidade. O que não sabem é que minha estabilidade está em ver o mundo, descobrir tudo o que há nele. Mesmo que seja a duras penas, prefiro enriquecer a alma que os bolsos, e desfrutar da liberdade que só o conhecimento dá ao homem. Os piratas podem me levar até as ceroulas, mas o que eu aprendi... Ah, isso é só meu. Meu conhecimento eles não levam, tão pouco desfrutam.
  Agradeço pela ajuda e estadia, não tenho prata nem ouro, apenas gratidão e esse monte de papéis soltos para lhe dar em troca. Já estou recuperada, arranjei barco novo, já passo partir. Preciso seguir viagem, o mundo é grande e o tempo é curto.
  Fique tranqüilo, vou em paz e não tenho medo. Sei que é certo que um dia o mar irá me engolir de vez, e não me devolverá. Neste momento, o imenso rebelde fará diferente. Irá digerir meu corpo, e arrotar minh’alma de forma libertadora com ar de satisfação, para que esta busque esses papeis soltos dos quais lhe falei, acabo sempre deixando alguns por onde passo. Neles sim me aportarei, guiarei novos remos e serei eterna.

Andrezza Mascarenhas

17 de novembro de 2010

Saudade

Sentir saudade é estar perto ou não do sentimento
Saudade é uma palavra nostálgica que quer viver no presente
Saudade de longe é pros que amam de verdade, e são amados
Saudade de perto é a dor dos desprezados
Quem sente saudade vive correndo, tem ânsia
Ânsia de ter, ver, estar... Tem fome, tem pressa
Saudade lembra dor, dor lembra amor, amor lembra ódio
O ódio faz esquecer, por vezes vira remédio antes de ser doença
A dor tem cura, o ódio passa, mas o amor morre
Morre aos poucos, sangrando
E um dia se conforma em não mais esperar
Abre mão de estar, sangrar, sofrer
Contenta-se com há por perto e se faz presente
Amortiza a dor e aceita ser amor
O tempo resolve a dor, o ódio, quase todas as coisas
Só não ressuscita o amor
Uma vez morto, fica enterrado e só
Nada resolve um amor morto, nem a saudade
Saudade de um amor morto é simples, não há muito que explicar
É estar pronto para ter, e precisar estar preparado para abrir mão 

Andrezza Mascarenhas

11 de novembro de 2010

Grito

Num momento como esse,  
Que minha mente não para e eu não consigo me expressar
Recorro a minha criatividade dolorosa para evitar o intenso risco de estourar.
Intensamente  à flor da pele,
Nem as palavras fluem, só sei que estou mais do que nunca, no escuro.
Apostar em pessoas e sentimentos? Para quê?
Não vale perante a fluidez vivida (des)necessariamente,
De tudo que não é, aparentemente sendo.

Lilian Marinho


7 de novembro de 2010

De Alma Lavada

  Parei para pensar, refletir sobre a vida e fiz escolhas que considerei certas – e melhores – para mim, e que de fato estão me fazendo bem gradativamente à medida que vou aplicando ao meu cotidiano. Para ser mais direta, me desvinculei de alguns princípios meus – expressões escandalosas de orgulho puro, e burro – que me impediam de ver além das máscaras, barreiras e falsas palavras que as pessoas costumam usar para se esconder, proteger ou simplesmente pelo puro prazer de conseguir ser o mais desagradável possível.
  Desarmei-me. Não encaro mais nada com pedras prontas para arremessar. Ainda que a princípio a situação não me agrade, tento construir a visão mais panorâmica possível. Ouço, filtro, concordo ou discordo, e me justifico. Parti do principio que não vale a pena travar batalha contra nada, nunca vi verdadeiros vencedores nas guerras históricas, possivelmente – ainda que eu fosse a vencedora – não sairia ilesa das “minhas batalhas pessoais”. Aprendi, com sinceridade, o significado de “perdão” e tratei de perdoar todas as pessoas que me fizeram mal, por ou sem querer. Cada um colhe o que plantou, e eu não quero colher frutos de mágoa, rancor e orgulho besta. Engoli a minha essência egocentrista e auto afirmativa – mas não deixei de ser egocêntrica, ok – e encontrei a humildade, foi dessa forma que consegui pedir perdão a todos os que magoei ou fiz sofrer, de propósito ou não. Pratiquei uma das coisas que eu melhor sei fazer: esquecer. Esqueci todos aqueles que não valem à pena ou não fazem por merecer minha atenção, desses tratei com respeito e muita frieza. Por fim, aprendi a aceitar, entender e respeitar a opinião de cada um, mesmo que eu discorde absolutamente de tudo.
  Todas as decisões que tomei, me deixaram mais leve e muito mais calma. Claro que jamais serei uma das pessoas mais calmas do mundo – muito menos submissa – tenho sangue quente. A diferença é que agora sei “escolher” pelo que vale e que não vale a pena esquentar a cabeça, aprendi a me controlar. Ignorar dói mais que bater de frente, e não me custa nada.
  Como sempre, falar de mim e dos meus sentimentos abertamente não é das tarefas mais fáceis para mim, mas estou num momento dos melhores que já vivi. Acho que me encontro numa espécie de “ponto de equilíbrio entre corpo e alma”, como se meu espírito estivesse em comum acordo com meu corpo, com tudo ao meu redor – até com o que normalmente me deixaria, no mínimo, incomodada – e as situações as quais tenho passado na vida. Procurando uma expressão simples para tudo isso, posso dizer que estou “em paz comigo mesma e todo o resto”. No momento, não ligo para a perturbação que há do lado de fora. Criei uma armadura de bons sentimentos, ela tem me mantido ilesa. 

Andrezza Mascarenhas

2 de novembro de 2010

Da inocência à Sabedoria

  A busca que nos leva ao conhecimento e à sabedoria, não é uma viagem sem sentido feita por ignorantes, é uma viagem interior de transformação, é um processo Alquímico.
  A Alquimia é a arte da transformação, através da compreensão e dissertação de fatores essenciais do ser, é compreender cada ínfimo detalhe da psique, é entender que cada ser humano, por mais diferente que seja, possui características em comum com o todo a sua volta, e é nesse contexto que abordo não só a primeira mais também a parte crucial do “Eu” humano. Eis aquilo que não está contido em textos ou nas buscas por conhecimento. Você poderia afirmar que há INOCÊNCIA na sua compreensão? 
  Todo ser nasce com a alma em estado de inocência, um recém nascido não questiona sua existência, vive num estado de auto-aceitação, confiança e amor em plenitude, a voz inquietante da duvida ainda não se faz ouvir, talvez porque nesta fase a individualidade do ser é quase nula. Quantas vezes questionamos nossa existência em busca de respostas? Entretanto cada questionamento nos afasta mais e mais da inocência, e da intemporalidade, segredo que só existe enquanto vivemos alheios aos conceitos de passado ou futuro. Para um recém nascido só existe o presente que vai se revelando, este é precisamente o significado de viver na eternidade. A eternidade é o momento presente em permanente renovação, quantos de nós não sonhamos com isso? Viver na eternidade? Livre dos conceitos frustrantes do passado ou até mesmo da ansiedade futura que nos açoita diariamente roubando nosso sono e nossa saúde, mas cada um já tem inscrito em si a tendência para se movimentar para a temporalidade, saindo do silêncio do seu mundo interior para a atividade do mundo exterior, abandonando o seu estado inicial de inocência, surgindo os desejos e com eles as primeiras experiências capazes de alterar eternamente a essência do ser. E a inocência? Roubada!? Não. Para sempre intacta em sua pureza e integridade, mas esquecida, trocada silenciosamente pelo conhecimento enfadando a existência a crer na ausência de pureza de espírito.

Ricardo Oliveira