Certa vez alguém disse que “não se
pode ter tudo”, e tenho meia certeza de que muitos chamaram essa pessoa de
pessimista, ou algo do gênero. O ser humano é, naturalmente, guloso e um pouco
egoísta; a maioria não se importa em dividir, com tanto que fique com a melhor
fatia. Compreendeu-se mau o sentido matemático de “divisão”, e aí vieram as “frações”,
“equivalências”, “proporções”, “equidades”, que nada mais são do que“ formas justas” usadas para explicar
porque “uns com tanto, e outros com tão pouco”. É normal da espécie “querer tudo”, daí partimos para outra
citação comum, onde se diz que “querer,
nem sempre é poder”. No fundo, todo mundo sabe que não dá para ter todas as
coisas que nos convém. Admitir isso é a mesma coisa que aceitar o fato de que a vida nos fará optar o tempo todo, e nos
torna responsáveis por boa parte do
sucesso, ou não, de tudo aquilo que diz respeito a nós mesmos.
Escolher, taí uma coisa que dá trabalho. E
quando não é bem feita, dá mais trabalho ainda lidar com as conseqüências.
Tentar não escolher é pior. Neutralidade, também é uma escolha. Somos forçados
a decidir entre isto ou aquilo, o tempo todo. Algumas vezes, somos forçados a
escolher entre o que somos, o que não somos, e o que deveríamos ser. O nome
disso não é “crise de identidade”, e
sim AMADURECIMENTO. Escolher, também significa sacrificar. Por vezes,
precisamos abrir mão de determinados conceitos, valores, sentimentos, apegos,
para nos permitir conhecer/alcançar novos horizontes, e só assim alcançar o
conhecimento que é preciso para seguir adiante. Não se consegue vitória, sem
sacrifico. Medir o que vale sacrifício e o que deve ser sacrificado, também não
é uma tarefa fácil. Ajuda começar sacrificando tudo que nos prende ao passado
que corrói, e não constrói. Normalmente são as lembranças, frustrações,
ausências, presenças, saudades. Abrir mão de coisas assim, pode ser como perder
um braço no começo, mas não se desespere, o futuro é impagável.
A coragem, anda junto com o ato da “escolha”. Qualquer decisão tomada, é
proporcional a nossa capacidade de enfrentar as conseqüências, ou não, disso no
futuro. De qualquer forma, a vida não é para os fracos. Ela não pergunta se
você agüenta, ela testa sua capacidade de suportar. Viver não é fácil.
Escolher, errar, seguir, alcançar, esperar, não receber, dar demais, ter de
menos, tudo isso compõe a lista dos muitos verbos e ações que todos terão de
experimentar ao longo da vida, e ter medo não é feio/errado/vergonhoso, mas
ficar parado diante da menor adversidade sim. Seja herói de sua própria vida.
Não espere do próximo um reflexo de si mesmo, sempre estará de mãos vazias.
Acredite na sua capacidade, não subestime a dos outros. Compartilhe seu
conhecimento, absorva o máximo que puder. Seja honesto, corra de gente
desonesta. Seja bom, afaste-se de tudo aquilo que não lhe convir ou produzir
encanto. Não se permita levar por encantos imediatos, mas apaixone-se
perdidamente pelos seus olhos todos os dias. Peça ao dono do tempo – a quem
chamo de Deus – que o futuro lhe traga o melhor, mas prepare-se para o pior e
receba o que vier, mas quanto as suas escolhas, faça-as, e saiba degustar os
frutos de cada uma delas.
Andrezza Mascarenhas