31 de janeiro de 2011

Além do olhar...

Eu não sou o meu nome

Eu não sou o suor que percorre a minha pele
Não sou o sorriso estampado em meu rosto
Não sou a dor que flagela meu ser
Tampouco sou a voz que emana da minha garganta
Sou como o ar, existo mas você não pode me ver
Oculto, escondido entre o osso e a carne
Há bem mais do que posso descrever
Há mistério, há magia, há sonhos, medos e frustrações
  Contrastando com meu bem querer maior
  Na esperança de um dia voar e pairar em meu ser
 A essência de ser bem mais do que seus olhos podem ver

Ricardo Oliveira



Silenciosos olhos de luar


Guardo o desejo que faltou realizar
Havia o medo e a timidez
A harmonia do sorriso desconcertava e roubava a palavra
Tenho andado distraído desde então
Ansiando reencontrar a sinceridade daquele puro coração
Capaz de comprar a razão
Valorizando a emoção de sonhar sem o desejo de acordar
Marcante era o brilho de luar estampado naquele olhar
Fiquei perdido sem direção, sem norte e sem razão
Na dimensão do teu corpo me vi flutuar
Teu toque me fez suspirar, se foi um sonho, não quero acordar
Ainda vejo o teu olhar, o gosto da tua boca me fez viajar
Teu perfume marcou minha pele provando que foi real
Aqueles olhos de sinceridade marcam minha alma 


Ricardo Oliveira


14 de janeiro de 2011

Quê saudade!

  Faz tanto tempo que não sento aqui pra conversarmos, que o sofá não tem mais o cheiro do meu perfume azedo, de quem vive no limite de todos os sentimentos... Muitas coisas mudaram, mas eu continuo a mesma pequena gigante que abraça o mundo com os dentes.
  Não tenho mais medo do amor, e até acho que um dia voltarei a dar credito as suas promessas de eternidade limitada, mas por enquanto me entrego desconfiada. Voltei a chorar sem motivo, comer carboidratos e depois me arrepender, tomar uns pileques e me entupir de remédios que recuperem o fígado pra próxima, a torrar ao sol só pra ver a pele dourar e perder a cor em escamas, como um peixe... Retomei o ritmo ameno, irresponsável e juvenil de viver que havia interrompido. Achei minhas gargalhadas, e com elas, a minha capacidade de fazer graça até com a cara da morte, e não perdi meu tom dramático.
  Nem tudo mudou pra melhor, afinal – essa vai por mim – a vida é agridoce. Antes era bom sentir o cheiro da chuva, agora toda vez que sinto o cheiro de terra molhada, tenho medo que molhe demais e se desfaça. A cidade que serviu de cenário para perpetuação da minha vida, resumiu-se a um enorme monte alto de lama. Algumas pessoas continuam tentando ocupar lugares que jamais serão delas novamente, e não entendem que uma vez que digo “não”, isso se torna permanente. A morte não se conforma com a proposta de trégua que venho tentando fazer, e continua tirando daqui as pessoas que eu preciso por perto... Aos poucos supero, mas o tempo só tem prestado pra aumentar a saudade.
  Enfim, o que importa mesmo é que senti saudade das sinestesias que esse lugar me proporciona e estou de volta, numa versão 21x melhor de mim.

Andrezza Mascarenhas