23 de abril de 2011

Aos meus poetas

Oh, meus poetas bebo da tua sabedoria,
doravante suas assinaturas nos anais da historia,
em torpor, sou réu confesso das ressacas morais.
Não assumo culpa,
mas confesso embriaguez emocional da razão.
Por que dissimular já é tarde,
no relógio da existência vejo o tempo congelar
ao brilhantismo das tuas artes, tuas musas me remetem ao desconforto do ócio,
me tiram da inércia no não pensante desejo de viver.
Tuas idéias me são inspiração a respirar a ótica de questionar,
as riquezas das tuas palavras revelam as misérias da minha realidade.
No espaço da solidão eu vi um pesadelo e um sonho mudar o mundo,
ouvi uma mentira vaidosa e uma verdade eloqüente,
vivi um surrealismo real, encarei meus maiores temores,
lutei fantasias utópicas, sangrei suor e razão.
Nas cirandas da grandeza, pedi piedade.
Nas desgraças, cantei buscando coragem.
Andei em noites sem mel, sem razão nem por que,
rasurei minhas verdades no papel,
ousei digladiar a vida, como seu cicerone para o tango a convidei.
As palavras me fizeram mudo, não me entreguei ao medo de não tentar,
questionei o tempo quanto à essência do que passou
e lembrei os conselhos que a pressa me fez esquecer,
no teatro da vida o acaso é uma ilusão da arte de enxergar a existência.
Encarregado das promessas, o tempo transformou as palavras vazias

em fantasmas reais de saudades dos meus poetas inspiradores.




Ricardo Oliveira

Arte em meu viver

Minha vida está contida na arte dos olhos alheios, sou tão comum e tão real que minha definição está na arte daqueles que sabem falar. Minha vida é um romance de alguém que descobriu que a existência é uma brincadeira no tempo e que o sucesso é cíclico, tal como as tenras folhas que nascem na mais bela primavera e se desprendem inevitavelmente no próximo inverno. Eu percorri lugares distantes e inóspitos, travei batalhas enormes e depois de muitas fadigas
descobri que tudo o que procurava esteve mais próximo do que imaginava. Eu não sei onde eu deixei ou se alguém veio roubar aquele sonho que sonhei já não sei onde andará, prefiro nem dormir, me esquecer de sonhar eu quero, quero muito quero agora, sem demora o meu desejo ninguém vai roubar. Eu sou escravo de sonho arco imensa armadilha ao meu caminho eu que faço sou eu que traço essa trilha a minha esperança eu invento, sempre em movimento, não tem parada pra mim, não tem nem lamento, é bom ficar ligado: a vida é tudo ou nada, e não tem talvez, vai pedalando a sua lucidez, vai nessa levada e não vai ter uma outra vez, ninguém vai me dizer como devo me virar.

  O mundo desabou sobre mim, tornei-me um colecionador de lágrimas, profundamente deprimido, como se estivesse com a mente despedaçada, sai, primeiro, em busca do meu proprio ser, e posteriormente, da sociedade dos sonhos, traido pelos amigos asfixiado pelas perdas e pressionado pela culpa, tornei-me um Dom Quixote moderno que percorre o mundo lutando contra os fantasmas que me assombravam. Mas entendi que os piores fantasmas estavam dentro de mim.
  Nessas andanças libertei minha inteligencia e retirei força da minha fragilidade, coragem dos meus medos,  serenidade de minhas loucuras. Nessa jornada fiz grandes descobertas. Descobri que a industria da pressa asfixiou a tranquilidade, a industria da informação contraiu a formação de mentes pensantes e a industria do consumismo sangrou a capacidade de se encantar com a beleza escondida nas pequenas coisas. E, pior descobri que até eu mesmo, havia contribuido para acelerar essas “industrias” e intalar o câos na sociedade.

Lembrei de me esquecer a tempo,
perdi meus maiores achados
Odiei por amor..., utilizei coisas inúteis
Paguei caro por prazeres baratos
Desafiei a lâmina afiada
Enterrei um sapo no terreiro
Quis não ter querer
Tentei não cair em tentação
Mas livrei-me dos livros
Pois eles não me livraram.

  Tenho visto a sociedade digital criando ilhas humanas. A solidão tornou-se a angustia fundamental de adultos e crianças, embora nem sempre percebida. São tempos dificeis tempos de escassez de prazer e de abundancia de ansiedade. Tempos em que se procura novos heróis, sem saber que a necessidade vital da humanidade não são de “herois”, mas de seres humanos conscientes de sua fragilidade e de suas imperfeições, procuro dissecar algumas masmorras psiquicas e algumas loucuras da atualidade. As preocupações, a sede de respostas e os questionamentos que pulsam no querer, pulsam também em mim, assim descrito na arte alheia.

Ricardo Oliveira

16 de abril de 2011

Reflexão sobre o Amor

  Observando o ser humano, percebi que a vontade de vencer é capaz de cegar as pessoas a ponto de que estas percam a noção da realidade. Uma vez que alguém é vencedor, em questão de sentimentos, não haverá outra pessoa capaz de ocupar aquele espaço. É mais fácil ganhar reconhecendo que o 1º lugar nunca será seu, do que passar a vida tentando escalar o pódio. Seja especial, mas do seu jeito
  Se as pessoas soubessem quão caro custa derramar as lágrimas do justo, tenho certeza que repensariam suas atitudes. Na guerra, não existe vencedor, todo mundo sai machucado e o prêmio não vale a dor. É preciso ser muito humano, maduro e ter Deus no coração para renunciar o "bem em prol de si mesmo" por alguém que se ama, chama-se sacrifício, como o que Jesus fez por nós. Amor não é batalha, muito menos competição, não é briga de quem dá mais ou quem dá menos. Amor é uma escolha de dois, sentimento que completa, sustenta e não morre. A imaturidade me fez sentir dor, senti na pele o que é "carregar uma pedra quando se é formiga". A dor me fez amadurecer e entender a vida - em vários aspectos - e me transformou numa pessoa mais digna, racional, seletiva e hábil a escolher o que quero ou não. A maturidade me tornou um ser capaz de amar com equilíbrio, de forma que haja a "mágica" do sincronismo entre amores e amigos. Por isso me calo. Estou fazendo a seleção das sementes da minha próxima safra, não quero ter que colher mais dor para aprender o que é viver, já entendi. Por isso me despi de mágoas, rancores, até do meu orgulho para poder seguir minha vida com simplicidade, mas feliz.
  Por muito tempo achei que se perguntassem como eu definiria "amor/amar", eu não faria ideia do que sairia dos meus lábios. Hoje posso dizer que descobri que não existe a "melhor maneira" para amar alguém, acontece. Amar não é estar nos momentos de alegria, é estar justamente no escuro e ainda assim amar, é ver a pessoa não sendo da forma que achamos que deveria ser e ainda assim amá-la pelos seus defeitos, é saber dedicar-se sem deixar de amar a si mesmo, é perdoar e seguir em frente porque é um sentimento único de dois. Amar é não estar junto e lembrar, é sentir saudade, é querer apenas ver, é ligar para dizer "eu te amo" sem motivo, é chorar junto de dor e alegria, é compartilhar segredos, é confiar à vida, é entregar o corpo, a alma e o coração sem medo, é fechar os olhos e lembrar-se de cada momento vivido, é ter músicas "tema do amor", é construir sonhos e lutar por eles. Amar é ver o universo dentro dos olhos da pessoa que se ama, e desejar morar ali para sempre.


Andrezza Mascarenhas

8 de abril de 2011

Caneta em banhada

Empunhada a caneta está,
mas não para á luxuria satisfazer.
O homem a embanha compromissado em ser eterno,
 fiel à honra de escrever.
A tinta formaliza sua missão,
seu sonho, suas metas e sua ambição.
Movido em devoção ao desejo de realização
Verso, prosa, harmonia e canção,
conspiram insatisfação em ser.
Analfabeto da razão e do saber,
sendo um poeta na arte em descrever.
Exímio conhecedor dos anais da emoção,
Observa com os olhos, enxerga com o coração
Libertino dos direitos, fala de compaixão,
de euforia de imaginação.
Remete à inteligência,
o direito de pensar diferente o que todo mundo sente,
mas não consegue expressar, nega meias mentiras,
e não crê em meias verdades.
Lê com sabedoria as palavras do silencio do olhar,
não lida bem com omissão,  
rejeita ostentar o poder sabe o quão fácil é se corromper.
Aceita bem a magia de viver,
mesmo conhecendo a necessidade de aprender.
Tem os olhos no futuro mais sem apreensão,
conhece o valor na espera paciente da solidão.
O dinheiro não lhe compra a razão,
a estética não é sinônimo de auto-satisfação.
Com humildade, admite ser pequeno
em relação a tudo que carrega dentro do coração.
Não faz votos, vai a luta sem hesitação,
batalha por liberdade, medo e realização

Consciente de que carrega em si o bom senso dos sonhos.

Ricardo Oliveira

Suicídio Social

 Em memória das vítimas da chacina "Tasso da Silveira"
  Luto e dor disputam a razão de tanta tristeza na falta de humanidade em atos de violência. Os bons morrem jovens na triste ciranda real, digladiados não pelo tempo, ou pela divina vontade, mas pela incoerente imprudência humana que não valoriza a vida com todo seu digno valor. Eu vejo, e não queria ver, ouço sem querer ouvir dentre muitos motivos nenhum que justifique, ou santifique tal ação.
  Não há valor na troca de uma vida pela solidão da ausência, que há de ficar principalmente naqueles que não tem motivos para sentir tal falta.
  Como superar as lágrimas no olhar? Como explicar? A quem clamar justiça? De que forma repousar em verdes pastos, se rubros de sangue são os caminhos que trilham a sociedade?
  Como perdoar, quando a dor é a única dimensão do ser. Quero querer, espero ver! Questiono os motivos, medo, prazer, vingança ou até auto-satisfação que sentido há em ceifar a vida de um então “irmão”. Ainda que eu falasse a língua de todas as etnias, diria não há “esperanto” que traduza a falta de Amor ao Próximo da nossa Geração.

Ricardo Oliveira

2 de abril de 2011

Filosofia urbana social

Põe pra fora o consciente leão
do ser maravilhado por ela.

Carrega na alma o avesso 
visto sem ponteiro.

Não aceita moderação da vida
acredita na dádiva de amar.

Sabe que a beleza 
pode fazer chorar.

Por vezes repetindo, 
ousando acreditar.

Nela estava seu segredo intimo, 
dizendo as palavras certas.
Há luz e vida 
no valor dessa união.

Cicerone e poetisa 
ensaiam sua oração.

Longe dos olhos, 
perto do coração.

Vendo surgir do improvável, 
o indispensável.

Desejo de canonizar, 
o honesto sentido de amar.

Ricardo Oliveira

O que aprendi sobre a vida, e sobre o amor.

  Aprendi que as melhores coisas da vida duram pouco. Não pq não são eternas, e sim pq o tempo parece encolher quando estamos em total sincronismo com a felicidade. Contudo, a única coisa que é eterna é o amor, e uma vez que o amor morre, é pq na verdade nunca existiu. 
  Não vim à vida a passeio, e o que quero deixar para os que vão prosseguir quando eu não estiver mais aqui, é um legado de amor e verdade, pautado nos sentimentos mais puros e sinceros do meu coração. O meu coração!? É o motivo pelo qual me despeço, sem explicar direito o pq mas com a certeza de que o que não dura para sempre somos nós, as pessoas.
  O "aqui" pode ser tempo ou espaço, depende de quem estará junto a mim nessa jornada. Perdi a vontade de convidar as pessoas a andar comigo, agora vem quem quiser. É certo que nunca escolhi os caminhos mais fáceis para felicidade, e eu jamais me arrependi das cicatrizes que trago como lembrança das minhas batalhas. Toda luta em prol do que é bom é muito válida, e a recompensa é saber que gota de suor, lagrima ou sangue valeu a pena.
  Não esperem muito de mim, estou num momento em que o mínimo é o máximo que posso dar. Não construam expectativas pautadas em palavras soltas, esperando que eu reaja, pois estou cada dia mais direta e objetiva. Não faça esforço para me mostrar que perdi algo, na altura campeonato, algo é que me perdeu.
  Não entendam minhas palavras com sabor amargo, estou longe de estar sofrendo. Acontece que amadurecer não é um processo dos mais fáceis, chega a ser muito árduo, mas todo mundo passa por isso um dia.
  Estou trazendo à tona uma parte de mim que pensei ter morrido mas esteve aqui o tempo todo, e no fundo, foi o que me manteve de pé. Fui fria, sou fria e sempre serei assim. Não que desvalorize o calor dos sentimentos, mas acaba sendo menos incomodo não embarcar por completo no delírio de cada um deles.
  Parto agora sendo contraditória, e digo que "sigo friamente o meu coração". O meu destino!? Não cabe a mim responder, apenas saber tomar as decisões “certas”. Há um Deus no céu que me permite descansar e confiar apenas na certeza de que Ele reserva o Seu melhor para aqueles que O temem. 
  Não quero ser prepotente, muito menos me sentir superior a nenhuma das pessoas que estão ao meu redor mas visto que sempre luto para estar ao lado dos que amo, aprendi que quem realmente me ama também vai lutar para estar comigo, e vencerá. Já os que apenas dizem amar, desistirão diante do menor obstáculo, porque além do sentimento não ser verdadeiro, também são covardes.
  Não precisei pensar muito para concluir que a maior distancia que pode existir entre duas pessoas é justamente a ausência do vem de Deus, de amor, respeito, consideração e reconhecimento. Não será um oceano que me manterá afastada de tudo aquilo que não me acrescenta, e sim o simples fato destas coisas não me acrescentar nada.
  Depois de muito pensar, chorar, orar e refletir, aprendi que o amor é uma questão de escolha e vontade de que tudo dê certo, e que isso não pode partir de um lado apenas, mas de todas as partes que se amam.
  Entendi que o verdadeiro amor não nasce dos bons momentos, e sim da capacidade que tem de superar o que não foi bom e prosseguir sem se importar com o passado, pois está mais preocupado em reconstruir o que a tempestade destruiu.
  Ainda que todas as coisas digam que não é possível levantar um amor doente ou machucado pelas atrocidades humanas, há um Deus que age no impossível, pois é justamente no que não tem cura que Deus nos mostra quão grande é o seu mover, assim como Jesus restituiu a vida de Lazaro, e ali chorou, apenas porque havia amor, um amor fisicamente morto mas espiritualmente eterno e vivo.
  Passa pela minha cabeça, em muitos momentos, que o ser humano não valoriza mais o verdadeiro amor, e sim um comodismo. Não procuram mais aquilo que os completa, seja amigo(a) ou companheiro(a) para o resto de suas vidas, e sim alguém para estar ali e não sentir-se fisicamente só, isso apenas. O fato é que quando “amamos” alguém que não nos completa verdadeiramente, estamos só o tempo todo. A sensação de alegria e correspondência de sentimento vai passando com o tempo, até que chega o momento em que nada mais faz sentido, daí vem a vontade de largar tudo, um vazio inexplicável. Daí queremos culpar as pessoas, mas no fundo sabemos que tudo é resultado do somatório de escolhas erradas.

  Não quero isso pra mim. Quero pessoas que completem meus dias, meus momentos, minhas tristezas e minhas alegrias, custe o que custar, porque se sou herdeira do melhor de Deus, jamais me contentarei com o superficial, lutarei pelo melhor até o fim.

Andrezza Mascarenhas