28 de junho de 2011

Ser Feliz é um Dom de Todos

    Fuçando a internet atrás de citações inspiradoras a respeito do que acredito ser “felicidade em conjunto”, encontrei essa aqui:

“Bem, eu realmente aprendi algumas coisas e uma delas é que a felicidade não tem nada a ver com a aprovação das outras pessoas. O que é realmente importante é estar feliz com você mesmo, encontrar alguém que é importante para você e seguir adiante sem ligar para que os outros falam.”

    Descobri que quem disse isso foi Kurt Cobain, e achei fantástico porque curto algumas músicas do cara, da banda que morreu com ele. Tomei como aprendizado. Logo em seguida lembrei que ele, supostamente, se matou. Intrigante. Como uma pessoa chega a uma conclusão tão brilhante, e ainda assim consegue achar motivos que a levem a arrancar sua própria vida!? Simples: perturbação, falsa sensação de liberdade. O conceito que K. Cobain criou para o que ele chamou de "felicidade" compõe um dos muitos sentidos da palavra, mas de nada vale criar um conceito se você não executa a sua própria criação. Basicamente, ele falou de algo que provavelmente nunca sentiu, ou se sentiu, não foi real. Da boca pra fora, ele parecia ser e saber o que era ser feliz. Da boca pra dentro, foi infeliz o suficiente para escolher ser suicida. 
    Concordo que cada um tem para si a visão do que, por exemplo, é felicidade, amor, viver, etc. Comparando rapidamente a citação com quem citou, joguei o nome do homem brilhante que disse isso, e achei imagens de uma pessoa triste, sem brilho. O que faz alguém falar de algo que não sente? É justamente o que contradiz a afirmação de K. Cobain. Trata-se da vontade de mostrar pro mundo que não há nada errado, e que não nos importamos com o que as pessoas pensam, parece ser uma necessidade de auto-afirmação que só existe se o mundo acreditar que você não se importa de que forma ele escolheu girar, e que você não sente as conseqüências disso. Na verdade todo mundo sente, todo mundo se importa. Somos para nós aquilo que escolhemos ser, mas a convivência que é construída com o mundo externo tem muito mais a ver com a imagem que passamos do que com a imagem que vemos de nós mesmos.

    Viver e ser feliz de forma isolada, sem importa-se com o mundo a nossa volta de forma alguma, é utópico. Devemos nos importar. É preciso ser criticado – até por nós mesmos – para que a busca de um “eu melhor” seja constante, e assim nunca haja um ponto final na caminha do crescimento pessoal. Toda critica bem elaborada torna-se um fator importante no processo evolutivo de qualquer pessoa. É preciso ouvir. E mais que ouvir, é preciso saber filtrar o que ouvimos. Cabe a nós também separar a critica – boa ou ruim – que intervém da que interfere. A opinião alheia – ou critica – é valida enquanto esta respeita o seu espaço, quando esse “limite” é ultrapassado, essa opinião pode se apresentar como interferência, e isso nem sempre é bom.
    Resumindo, temos em mãos o grande desafio de conviver de forma harmônica com o meio em que estamos incluídos, sem abrir mão de ser feliz, unir quem pensamos ser com quem demonstramos ser, mais o que realmente somos, e criar uma pessoa só, sem cortar qualidades e defeitos de ambas as partes. Respeitando limites e opiniões, levando em consideração tudo o que for dito mas em primeiro lugar, o que nós dizemos a nós mesmos.
    A verdadeira arte de ser feliz em conjunto é expressada pela escolha de construir sua felicidade com as pessoas ao seu redor sem se ferir, e sem ferir cada uma delas, de forma que haja consciência de que nem sempre haverá motivos para sorrir, mas que haja a certeza de que nunca irá chorar sozinho.

Andrezza Mascarenhas