16 de abril de 2012

Altruísmo Egoísta

      Sente-se diante do seu reflexo. Olhe até que você despreze sua aparência, e consiga focar apenas nos seus próprios olhos. Esteja em paz, no silêncio, você e você mesmo, ainda que haja uma multidão a sua volta (funciona melhor quando se está sozinho). Invada-se. Procure nos olhos, o caminho que te leva a sua alma. Interprete-se. Sem rótulos seus ou os que lhe foram dados, estacione bem no centro da sua alma. Já dentro de si, feche os olhos e procure tudo o que não te convém. Separe os seus mitos do que realmente é desagradável, abra mão de ambos. Percorra todo canto que não estiver dolorido, passe por cada ferida cicatrizada, faça um filme rápido das boas e más lembranças, procure não futucar o que ainda não está curado, ou futuque. Descubra seus limites. Respire fundo. Depois de tudo isso, verá o quanto é maravilhoso ser você, mas também perceberá o quanto perdeu tempo, o quanto foi idiota, o quanto falou demais, o quanto deixou passar, o quanto correu a toa, e como poderia ter sido e não foi. Não seja orgulhoso(a) consigo mesmo, dê a si próprio(a) a chance de evoluir, tornar-se uma pessoa melhor. Perdoe-se. Olhe para cada erro como algo que te fez bem, ainda que tenha causado alguma dor. Aprenda com seus erros. Faça um favor para si, e para o mundo: não os repita. Pegue cada lembrança, mágoa, e jogue fora. Taí o tipo de bagagem que não vale o peso. Esqueça. Abra espaço para novos rostos, vozes, sabores, lembranças, mundos. Relembre cada bom momento, cada carinho, palavra, ou qualquer coisa que tenha te feito bem. Seja grato(a). Evite ficar idiota. Enquanto isso esqueça-se do tempo. Deixe o tempo. Tenha tempo. Tempo para o “meu”, tempo para o “nosso” e tempo para o “deles”. Sirva-se. Sirva. Procure algo de útil por fora, que floresça por dentro. Sorria. Faça sorrir. Abrace todo mundo, até você mesmo. Colha flores, enfeite sua alma, passe perfume em cada cantinho, espalhe sal, doce. Depois de muito, você irá achar você, num tom diferente.

Andrezza Mascarenhas  

3 de abril de 2012

Palmo à Palmo


    Daqui observo palmo à palmo cada palma pra onde a mira tá apontada. O sonho da molecada que pensa em poder, o poder de alcançar um futuro onde ela possa escolher, e saber pelo que agradecer. Quero saber quem é que aplaude os gringos dando "rolé" em meio à guerra da cidade, naqueles carros pela favela tipo safári. 

    A terra que respira orvalho, o sangue que escorre, o grito molhado, o ódio perseguido e o concreto mijado. A terra suplica e aplaude, saúda , canta, mas não agradece quem merece, reage, rege e nasce, quem merece cresce.  Não sei se o que penso alguém já pensou, acho que não, o mundo não mudou.

Marcus Cardozo